O INSTITUTO PIETISTA DE CULTURA (IPC) é um Instituto Teológico mantido pela IBRM (Igreja Batista Renovada Moriá). A sua missão é promover o ensino do pensamento cristão dentro de uma perspectiva interdisciplinar, combinando o aspecto acadêmico da teologia com o aspecto devocional da fé.

O IPC se propõe a oferecer cursos livres de teologia em nível médio e superior. Além disso, pretende oferecer cursos de extensão em temas teológicos específicos de caráter apologético e transdisciplinar. Os referidos cursos de extensão proporcionarão suporte aos Seminários e Faculdades Teológicas existentes, oferecendo a oportunidade de complementação e especialização dos estudos.

O IPC também oferecerá Cursos de Pós-Graduação em convênio com Instituições de Ensino Superior já credenciadas pelo MEC.

O corpo docente do IPC é formado por professores graduados e pós-graduados (especialização, mestrado, doutorado) em Universidades credenciadas pelo MEC e pela CAPES. Alguns de nossos professores também são professores de Universidades Federais e Estaduais, tendo ampla experiência em cargos de coordenação, em composição de currículos universitários e em assessoria de autorização e reconhecimento de cursos de graduação junto ao MEC.

Os professores do IPC têm também ampla produção cultural através da publicação de livros e de artigos em revistas e jornais especializados. O Jornal TOCHA DA VERDADE é um periódico teológico vinculado ao IPC. As obras da Editora Moriá também dão especial atenção aos temas de aprofundamento do IPC.

POR QUE É PIETISTA?

No século XVII, após a morte de Martinho Lutero, as igrejas protestantes na Alemanha se entregaram a disputas teológicas, negligenciando o aspecto experimental e prático da fé. Nesse instante, Filipe Jacob Spener apareceu em cena através de seu livro “Desejos de Piedade” (1675). Ele protestava contra a crença popular de que a pessoa podia se considerar cristã pelo simples batismo infantil. Contra isso, ele interpunha a exigência do novo nascimento como uma experiência pessoal. Spener não se opôs a teologia, mas insistiu na importância dos estudos bíblicos acontecerem em um contexto de fervor espiritual. Ele enfatizou a fé viva contra a ortodoxia morta.

Spener introduziu um sistema de grupos de estudos bíblico nos lares e ressaltou o sacerdócio universal dos crentes. Os seus “colégios de piedade” inspiraram as “sociedades metodistas” na Inglaterra. O pietismo alemão correspondeu ao evangelicalismo anglo-saxão.

O convertido mais importante de Spener foi A. H. Francke (1663-1727), outro grande líder do movimento pietista antigo. Francke fundou uma nova universidade dentro da orientação pietista.

A influência do pietismo foi poderosa. O afilhado de Spener, Conde Zinzendorf, importante líder dos irmãos morávios, trouxe grande impulso ao movimento missionário evangélico. Através dos irmãos Morávios, John Wesley se converteu na Inglaterra, e, pelo seu ministério, a Inglaterra conheceu o maior avivamento espiritual de sua história.

O IPC é pietista porque ressalta uma fé viva, um cristianismo experimental, o fervor evangélico e missionário. Como M. Lloyd-Jones, compreendemos a pregação e o ensino como “razão eloqüente” e “lógica em chamas”!

POR QUE “DE CULTURA”?

Por que visa a uma formação interdisciplinar que capacite os alunos a argumentarem a favor da fé cristã em um ambiente acadêmico secular. A nossa preocupação é com o equilíbrio entre “identidade e relevância”. Pretendemos argumentar nos “jogos de linguagem” dos acadêmicos, mas sem fazer concessões no conteúdo bíblico de nossa fé.

Oferecemos formação teológica capaz de não ser abalada pelas modernas críticas do pensamento secularizado.


A NECESSIDADE DE UM SEMINÁRIO GENUINAMENTE BÍBLICO (PARTE IV)

A RELAÇÃO ENTRE OS TESTAMENTOS

            Há uma concepção acerca da relação entre o Antigo e o Novo Testamento segundo a qual tudo aquilo que é do Velho Testamento só valerá no Novo se for reafirmado. No livro ENTENDES O QUE LÊS (Edições Vida Nova), Gordon D. Fee e Douglas Stuart defendem essa posição:

“... Ou seja: a não ser que uma lei do Antigo Testamento seja de alguma forma reformulada ou reforçada no Novo Testamento, já não é diretamente obrigatória para o povo de Deus” (p. 139).

            Nós poderíamos “salvar” essa hermenêutica de desastres por meio de um complemento, ou seja, dizendo que o Novo Testamento pode reafirmar coisas do Velho Pacto não apenas de maneira explícita, mas também de maneira implícita. Assim, se poderia condenar o bestialismo (sexo com animais) debaixo do Novo Pacto, embora somente no Antigo Testamento tal prática seja reprovada diretamente. Se o Novo Testamento condena o homossexualismo como não natural (Romanos 1), não faria sentido aprovar o bestialismo. As relações incestuosas proibidas no Velho Testamento ainda o são no Novo Testamento, pois Paulo condenou uma delas na igreja de Corinto (I Cor. 5: 1). A distinção de vestes entre homem e mulher exigida em Deuteronômio 22: 5 continua válida, pois Paulo exige distinção de aparência entre homem e mulher na igreja de Corinto (I Cor. 11: 2-16).
            Gordon D. Fee e Douglas Stuart, porém, não aceitam a nossa tentativa de “salvar” a sua imprecisa hermenêutica:

“Somente aquilo que é explicitamente renovado da lei do Antigo Testamento pode ser considerado parte da ‘lei de Cristo’ no Novo Testamento. Incluídos em tal categoria estariam os Dez Mandamentos... bem como os dois grandes mandamentos em Deuteronômio 6: 5 e Levítico 19: 18. Não se pode comprovar QUE QUALQUER OUTRA LEI DO ANTIGO TESTAMENTO É RIGOROSAMENTE OBRIGATÓRIA PARA OS CRISTÃOS, POR MAIS VALIOSO QUE SEJA PARA OS CRISTÃOS CONHECEREM TODAS AS LEIS.”(p. 141).

            Ora, se, no Novo Testamento, só valem os dez mandamentos e o mandamento do amor, então não há como condenar as práticas do homossexualismo ou do bestialismo, pois elas não estão explicitamente reprovadas nos dez mandamentos e no mandamento do amor. Além disso, na dispensação da graça, ninguém guarda o sábado nos termos do decálogo, ou seja, ninguém impede os animais e os estrangeiros de fazerem obra servil (Êxodo 20: 10).
            A visão de Gordon D. Fee e Douglas Stuart da palavra de Deus é fraca, pois presume que Deus tenha que repetir algo para continuar valendo. Eles fazem de Deus um pai sem autoridade que repete várias vezes as mesmas ordens até ser levado a sério.
            A hermenêutica bíblica da Reforma diz exatamente o contrário de Gordon D. Fee e Douglas Stuart, pois afirma que toda palavra de Deus no Antigo Testamento continua válida a não ser que haja alguma razão explícita ou implícita no Novo Testamento para não continuar valendo. Kenneth L. Gentry, Jr., observa com acerto:

“... Se o Novo Testamento rejeita ou anula uma lei particular da Lei de Deus, quer por preceito ou exemplo, então essa lei não é mais obrigatória neste era. MAS MANTEMOS QUE É SOMENTE DEUS FALANDO NA ESCRITURA QUE TEM AUTORIDADE PARA FAZER ISSO.” (God’s Law in the Modern World: The Continuing Relevance of Old Testament Law).

            É necessário que levantemos urgentemente um seminário genuinamente bíblico para ensinar a correta forma de interpretar a Bíblia!

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