Há uma discussão em evidência no campo
acadêmico sobre a teoria da evolução e o criacionismo bíblico. Desde as
suposições darwinistas, procurou-se desabonar o mérito criador de Deus para
estabelecer um mundo ateísta, não dependente de Deus. O próprio homem abandonou
a crença em um Deus capaz de ser a origem de todas as coisas para tentar
incutir, muitas vezes de forma apelativa, que tudo é fruto do acaso. Ficamos
nos perguntando sobre tal ocorrência, sobre a teoria do acaso, seria possível
algo vir a ser do nada ou ex nihilo potencializada pelo próprio nada?
O nada tem poder criador?
Richard Dawkins, um dos cientistas mais aclamados pela crítica mundial,
defensor da teoria da evolução e do big bang, apresenta como causa da
origem uma explosão: “Segundo a versão moderna do modelo do Big Bang,
todo o universo observável começou com uma explosão que ocorreu entre 13 e 14
bilhões de anos atrás” (Dawkins, 165). Como Dawkins e outros teóricos
conseguiram a façanha de vislumbrar a ocorrência da explosão criadora, e não
destruidora, apresentando-a como princípio universal? Obviamente, a afirmação
dos cientistas sobre o fato de como o universo veio a existir é uma suposição
baseada em experimentos segundo convenção adotada por eles próprios. Os
cientistas, detentores de um saber acima do saber dos meros mortais (senso
comum), porque é assim que eles se sentem, detentores da verdade, articulam
seus argumentos e nos apresentam no formato de teoria (hipótese testada em
“laboratório”, mas sem a devida observação do fato em si). Essas suposições são
resultado da tentativa de comprovar a teoria do big bang e de Darwin
para menosprezo do Criacionismo. No entanto, um fato científico deverá ser
comprovado empiricamente, ou seja, na ocorrência do fato para respaldar
determinada conclusão. Sem dúvidas, quanto ao assunto criação, é impossível ser
comprovada na sua origem.
Quando Darwin propôs suas ideias houve uma reação ao que ele estava tentando
implantar como científico, não somente no campo acadêmico, mas principalmente
no campo da religião. No campo científico, existia um desejo insano de se
querer sair da tutela divina. Darwin provocou um grande debate entre os
estudiosos das ciências biológicas e humanas, se é que podemos fazer essa separação
para aquele momento, provocando acirrados debates, como atesta Samuel Branco
abaixo:
A
teoria de Darwin, apesar de ter sido imediatamente aceita e elogiada pela
maioria dos cientistas de todo o mundo, foi, entretanto, acusada de “imoral”
pelos “defensores da fé”, por afirmar que o homem descende do macaco... Alguns
dos mais ardorosos defensores de Darwin aceitaram o desafio em seu nome,
empenhando-se em pesquisar provas científicas da origem do homem. O mais
ilustre deles, na Inglaterra, foi o zoólogo Thomas Henry Huxley (1825-1895),
brilhante professor que ficou conhecido como o “buldogue de Darwin”.... (Branco, 73)
Dentro do contexto acalorado pela
“descoberta”, houve um debate entre Huxley(darwinista) e o bispo da Igreja
Anglicana Samuel Wilberforce, antropólogo, no qual se orientou pelo entusiasmo.
O motivo da discussão era exatamente o evolucionismo, um tanto quanto
improvisado, de Darwin. A plateia leiga aclamava aquele que fosse mais
perspicaz e ousado em suas palavras, visto que não estava em causa a prova
científica (os ouvintes não estavam no nível intelectual dos oradores), mas a
oratória e a retórica. Prevaleceu nesse cenário, pelos seus “latidos”
agressivos, Huxley.
Mesmo diante da audácia dos cientistas negarem a ação de Deus no ato criador,
consequentemente, negarem também a argumentação coerente de um cristão, não
podemos desistir de apresentar a explicação bíblica para os fatos do início.
Para muitos, o Gênesis é apenas um mito, similar às proposições de Hesíodo para
tentar explicar a gênese universal; para nós, a ação bem planejada de Deus.
Na Bíblia Sagrada, autoridade em matéria da verdade, encontramos: “No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que
foi feito se fez” (João 1:1-3). Esse simples versículo derruba e confunde
qualquer adversário de Deus. Não podemos negar que para acreditar nos fatos do
início precisamos de fé. O cristão crê na providência divina, enquanto os
evolucionistas precisam de uma “fé” ainda maior para acreditar nas teorias que
eles próprios apresentaram. John MacArthur faz uma alusão a tal situação nos
seguintes termos:
Consideremos
o dogma da evolução, por exemplo. A noção de que os processos naturais de
evolução podem ser responsáveis pela origem de todas as espécies vivas nunca
foi nem nunca será estabelecida como um fato. Nem é “científico” sob qualquer
sentido verdadeiro da palavra. A ciência lida com o que pode ser observado e
reproduzido por experimentação. A origem da vida não pode ser observada nem
reproduzida por experimentação. Por definição, então, a verdadeira ciência não
pode nos fornecer nenhuma informação, qualquer que seja, sobre de onde viemos e
ou como chegamos até aqui. A crença na teoria da evolução é simplesmente uma
questão de fé. E a crença dogmática em qualquer teoria naturalista não é mais
“científica” do que qualquer outro tipo de fé religiosa. (MacArthur, 11-12)
Sejamos um pouco redundantes para encerrar.
Acreditar que tudo veio do nada por ele mesmo requer uma viagem aventureira
pela razão, já que a expressão ex nihilo significa exatamente do nada
(sem existência). Quer dizer especificamente que algo que não era passou
a ser alguma coisa do nada. Algo não existia, não estava evidente nem
plano espiritual nem no material e passou a existir, foi criada do nada. Grudem
afirma: “A Bíblia claramente requer que creiamos que Deus criou o universo do
nada. (Algumas vezes a expressão latina ex nihilo ,”do nada”, é usada;
diz-se então que a Bíblia ensina a criação ex nihilo). Isso significa
que, antes de Deus ter começado a criar o universo, nada mais existia exceto o
próprio Deus”. MacArthur assevera: “Hebreus 11:3 chega a fazer crer na criação
pela obra divina como a própria essência da fé: ‘Pela fé, entendemos que foi o
universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir
das coisas que não aparecem’. A criação ex nihilo (do nada) é o
ensinamento claro e coerente da Bíblia” (MacArthur, 23).
Por Heládio Santos
Bacharel em Ciências Sociais
Especialista em Teorias da Comunicação e em
Teologia Histórica e Dogmática
Referências
Branco, Samuel Murgel. Evolução das
espécies – o pensamento científico, religioso e filosófico. São Paulo:
Moderna, 2007.
Dawkins, Richard. A magia da realidade:
Como sabemos o que é a verdade. São Paulo: Cia das Letras, 2012.
Gudem, Wayne. Teologia Sistemática.
São Paulo: Vida Nova, 2002.
MacArthur, John. A luta pela verdade
sobre o princípio do Universo – Criação ou evolução. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2004.
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