Foram apedrejados; foram tentados; foram serrados pelo meio; foram mortos ao fio da espada. Andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. (Hebreus 11: 37 e 38)
O livro que o leitor tem em mãos intitula-se “Nas chamas por Cristo” e refere-se a testemunhos de mártires anabatistas. É um livro de sangue, como a Bíblia também o é. Enquanto a Sagrada Escritura aponta para o sangue expiatório de Jesus Cristo, pelo qual somos redimidos, a presente obra faz-nos conhecer o sangue daqueles que, em gratidão por sua salvação, selaram sua fé em meio a perseguições, com a sua própria vida, suportando a pena capital por amor ao Senhor que os alcançou .
Os anabatistas destacaram-se pela coragem com que enfrentavam as chamas inquisitoriais, o que dava a impressão de serem obstinados, ou ainda, pela firme convicção com que falavam da Sã Doutrina, fazendo parecer aos seus inimigos que eram presunçosos e arrogantes.
Na verdade, os anabatistas eram homens simples, conhecidos pela mansidão e paciência decorrentes de seu ensino da não-resistência. Não tinham orgulho ou arrogância, pois não aceitavam nem mesmo títulos de nobreza ou posição política, como também a proteção dos poderosos. Esses santos homens viviam uma rigorosa disciplina devocional, ganhavam o pão com o suor do rosto e suas palavras valiam mais do que documentos.
Os anabatistas não usavam a expressão Reforma, mas sim, Restauração, pois não queriam meros ajustes. Queriam a plena manifestação do cristianismo primitivo, por isso eram chamados de Radicais, ou seja, aqueles que desejavam ver a igreja renovada desde a raiz.
Conforme a opinião dos mais renomados historiadores , os anabatistas não eram oriundos da Reforma do século XVI, embora seja verdade que muitos grupos procedentes da Reforma chegaram a conclusões que conferiam com o ensino anabatista e tenham, em seguida, se ajuntado a eles.
Os anabatistas foram, no século XVI, os continuadores da obra dos valdenses medievais, que por sua vez procederam dos paulicianos, os quais remontam aos montanistas e novacianos dos séculos III e II, sendo que estes últimos representavam a melhor tradição apostólica em sua épocas. Enfim, o anabatismo é o cristianismo, a igreja anabatista é a igreja verdadeira.
Como pastor de uma igreja anabatista, sinto a necessidade urgente de o nosso povo conhecer a sua história, bem como todo o sofrimento experimentado por nossos antepassados para que a tocha da verdade fosse passada para nós. Isso nos animará à defesa intransigente da verdade em meio a uma cristandade decadente que gosta da comodidade e despreza a cruz.
Permita Deus que muitos sejam despertados por este livro, passando a amar mais a Cristo e a se comprometer integralmente com a verdade.
“E quem não toma a sua cruz, e não vem após mim, não é digno de mim”(Mateus 10:38)
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Publicado por MORIÁ EDITORA |
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