Eric
Hankins
Preâmbulo
Toda geração de batistas
do sul tem o dever de articular as verdades de sua fé com particular atenção às
questões que estão impactando a missão e o ministério contemporâneos. A questão
que motiva esta afirmação é o crescimento de um movimento chamado “Novo
Calvinismo” entre os batistas do sul. Este movimento está empenhado em promover
nas igrejas um entendimento da salvação exclusivamente calvinista,
caracterizado por uma insistência agressiva nas “Doutrinas da Graça” (“TULIP”)
e com o objetivo de tornar o Calvinismo a posição batista do sul central sobre
o plano de salvação de Deus.
Enquanto os calvinistas
têm estado presentes na vida batista do sul desde os seus primeiros dias e
feito muitas contribuições importantes para a nossa história e teologia, a
maioria dos batistas do sul não adota o Calvinismo. Mesmo a minoria dos
batistas do sul que se identifica como calvinista geralmente modifica seus
ensinos a fim de mitigar certas conclusões inaceitáveis (por exemplo,
antimissões, hipercalvinismo, dupla predestinação, expiação limitada, etc.). O
próprio fato que há uma pluralidade de visões sobre o Calvinismo destinado a
lidar com estas fraquezas (variadamente descrito como “de 3 pontos,” “de 4
pontos,” “moderado,” etc.) parece exigir prudência e humildade com respeito ao
sistema e àqueles que discordam dele. Na maioria dos casos, os batistas do sul
têm estado felizes em relegar desacordos sobre o Calvinismo a um status
secundário junto com outras importantes mas “não-essenciais” questões
teológicas. A maioria batista do sul se associa alegremente com seus irmãos calvinistas
enquanto cordialmente resiste ao Calvinismo. E, para seu crédito, muitos
calvinistas batistas do sul não têm exigido a adoção de sua visão como padrão.
Ficaríamos satisfeitos se este consenso continuasse, mas alguns novos
calvinistas parecem estar reivindicando uma alteração radical deste antigo
acordo.
Propomos que o que muitos
batistas do sul creem sobre a salvação possa corretamente ser chamada de a
soteriologia batista do sul “tradicional,” o que deve ser entendido em
distinção à soteriologia “calvinista.” A soteriologia batista do sul
tradicional é articulada de uma maneira geral no Baptist Faith and Message,
“Artigo IV.” Enquanto algumas confissões batistas primitivas foram moldadas
pelo Calvinismo, a clara trajetória da BF&M desde 1925 está distante do
Calvinismo. Por quase um século, os batistas do sul descobriram que uma
soteriologia sólida, bíblica pode ser ensinada, mantida e defendida sem
comprometimento com o Calvinismo. A soteriologia batista do sul tradicional
está fundamentada na convicção de que toda pessoa pode e deve ser salva por uma
decisão pessoal e livre para responder ao Evangelho confiando em Cristo Jesus
somente como Salvador e Senhor. Sem se referir ao Calvinismo, os batistas do
sul têm alcançado o mundo com a mensagem de salvação do Evangelho pela graça
através da fé em Cristo somente. Os batistas têm sido bem servidos por uma
soteriologia direta enraizada no fato que Cristo deseja e é capaz de salvar
todo e qualquer pecador.
O Novo Calvinismo nos
oferece o dever e a responsabilidade de mais cuidadosamente expressar o que é
geralmente crido pelos batistas do sul sobre a salvação. Não é mais útil nos
identificarmos com quantos pontos de convergência temos com o Calvinismo.
Enquanto não estamos insistindo que todo batista do sul deve declarar a
afirmação soteriológica abaixo a fim de ter um lugar na família batista do sul,
estamos afirmando que a vasta maioria dos batistas do sul não são calvinistas e
que eles não querem que o Calvinismo tornem a visão padrão na vida batista do
sul. Cremos que é tempo de mover para além do Calvinismo como ponto de
referência para a soteriologia batista.
Abaixo está o que cremos
ser a essência de um “Entendimento Batista do Sul Tradicional do Plano de
Salvação de Deus.” Cremos que muitos batistas do sul, não obstante como eles
têm descrito seu entendimento pessoal da doutrina da salvação, acharão a
seguinte afirmação consistente com o que a Bíblia ensina e o que os batistas do
sul geralmente têm crido sobre a natureza da salvação pela graça através da fé
em Jesus Cristo.
Artigos
de Afirmação e Negação
Artigo
Um: O Evangelho
Afirmamos que o Evangelho é a boa
nova que Deus preparou um meio de salvação através da vida, morte e
ressurreição do Senhor Jesus Cristo para qualquer pessoa. Isto está de acordo
com o desejo de Deus de que todas as pessoas sejam salvas.
Negamos que somente alguns
selecionados sejam capazes de responder ao Evangelho enquanto o restante seja
predestinado a uma eternidade no inferno.
Gn 3.15; Sl 2.1-12; Ez 18.23, 32; Lc 19.10; 24.45-49;
Jo 1.1-18; 3.16; Rm 1.1-6; 5.8; 8.34; 2Co 5.17-21; Gl 4.4-7; Cl 1.21-23; 1Tm 2.3-4;
Hb 1.1-3; 4.14-16; 2Pd 3.9
Artigo
Dois: A Pecaminosidade do Homem
Afirmamos que, por causa da queda
de Adão, todas as pessoas herdam uma natureza e um ambiente inclinados ao
pecado e que qualquer um capaz de ação moral irá pecar. O pecado de uma pessoa
somente traz a ira de um Deus santo, comunhão rompida com ele, egoísmo e destruição
numa piora constante, morte e condenação a uma eternidade no inferno.
Negamos que o pecado de Adão
resultou na incapacitação do livre-arbítrio de qualquer pessoa ou tornou
qualquer pessoa culpada antes que ela pessoalmente tenha pecado. Enquanto nenhum
pecador seja remotamente capaz de alcançar a salvação através de seu próprio
esforço, negamos que qualquer pecador seja salvo à parte de uma livre resposta
à atração do Espírito Santo através do Evangelho.
Gn 3.15-24; 6.5; Dt 1.39; Is 6.5; 7.15-16; 53.6; Jr
17.5, 9; 31.29-30; Ez 18.19-20; Rm 1.18-32; 3.9-18; 5.12; 6.23; 7.9; Mt
7.21-23; 1Co 1.18-25; 6.9-10; 15.22; 2Co 5.10; Hb 9.27-28; Ap 20.11-15
Artigo
Três: A Expiação de Cristo
Afirmamos que a substituição penal
de Cristo é o único sacrifício disponível e efetivo para os pecados de qualquer
pessoa.
Negamos que esta expiação resulta
na salvação sem uma livre resposta de arrependimento e fé da pessoa. Negamos
que Deus impõe ou retém esta expiação sem consideração por um ato do
livre-arbítrio da pessoa. Negamos que Cristo morreu somente pelos pecados
daqueles que serão salvos.
Sl 22.1-31; Is 53.1-12; Jo 12.32; 14.6; At 10.39-43;
16.30-32; Rm 3.21-26; 2Co 5.21; Gl 3.10-14; Fp 2.5-11; Cl 1.13-20; 1Ti 2.5-6;
Hb 9.12-15, 24-28; 10.1-18; 1Jo 1.7; 2.2
Artigo
Quatro: A Graça de Deus
Afirmamos que a graça é a decisão
generosa de Deus de prover salvação para qualquer pessoa, tomando toda a
iniciativa na provisão da salvação, na livre oferta do Evangelho no poder do
Espírito Santo e na união do crente a Cristo pelo Espírito Santo através da fé.
Negamos que a graça anula a
necessidade de uma livre resposta de fé ou que ela não pode ser resistida.
Negamos que a resposta de fé é de alguma forma uma obra meritória que mereça a
salvação.
Es 9.8; Pv 3.34; Zc 12.10; Mt 19.16-30; 23.37; Lc
10.1-12; At 15.11; 20.24; Rm 3.24, 27-28; 5.6, 8, 15-21; Gl 1.6; 2.21; 5; Ef
2.8-10; Fp 3.2-9; Cl 2.13-17; Hb 4.16; 9.28; 1Jo 4.19
Artigo
Cinco: A Regeneração do Pecador
Afirmamos que qualquer pessoa que
responde ao Evangelho com arrependimento e fé é nascida de novo pelo poder do
Espírito Santo. Ela é uma nova criação em Cristo e entra, no momento em que
crê, para a vida eterna.
Negamos que alguma pessoa seja
regenerada antes de ou à parte de ouvir e responder ao Evangelho.
Lc 15.24; Jo 3.3; 7.37-39; 10.10; 16.7-14; At 2.37-39;
Rm 6.4-11; 10.14; 1Co 15.22; 2Co 5.17; Gl 2.20; 6.15; Cl 2.13; 1Pd 3.18
Artigo
Seis: A Eleição para Salvação
Afirmamos que, com referência à
salvação, a eleição fala do plano eterno, gracioso e certo em Cristo de ter um
povo que é seu pelo arrependimento e fé.
Negamos que a eleição significa
que, desde a eternidade, Deus predestinou certas pessoas para salvação e outras
para condenação.
Gn 1.26-28; 12.1-3; Êx 19.6; Jr 31.31-33; Mt 24.31;
25.34; Jo 6.70; 15.16; Rm 8.29-30, 33; 9.6-8; 11.7; 1Co 1.1-2; Ef 1.4-6;
2.11-22; 3.1-11; 4.4-13; 1Tm 2.3-4; 1Pd 1.1-2; 2.9; 2Pd 3.9; Ap 7.9-10
Artigo
Sete: A Soberania de Deus
Afirmamos o eterno conhecimento e
soberania de Deus sobre a salvação ou condenação de cada pessoa.
Negamos que a soberania e o
conhecimento de Deus exigem que ele cause a aceitação ou rejeição de fé em
Cristo em uma pessoa.
Gn
1.1; 6.5-8; 18.16-33; 22; 2Sm 24.13-14; 1Cr 29.10-20; 2Cr 7.14; Jl 2.32; Sl 23;
51.4; 139.1-6; Pv 15.3; Jo 6.44; Rm 11.3; Tt 3.3-7; Tg 1.13-15; Hb 11.6; 12.28;
1Pd 1.17
Artigo
Oito: O Livre-Arbítrio do Homem
Afirmamos que Deus, como uma
expressão de sua soberania, confere a cada pessoa um livre-arbítrio real (a
capacidade de escolher entre duas opções), que deve ser exercido na aceitação
ou rejeição do gracioso chamado de Deus para salvação através do Espírito Santo
pelo Evangelho.
Negamos que a decisão de fé é um
ato de Deus antes que uma resposta da pessoa. Negamos que haja um “chamado
eficaz” para certas pessoas que é diferente de um “chamado geral” a qualquer
pessoa que ouve e entende o Evangelho.
Gn 1.26-28; Nm 21.8-9; Dt 30.19; Js 24.15; 1Sm 8.1-22;
2Sm 24.13-14; Es 3.12-14; Mt 7.13-14; 11.20-24; Mc 10.17-22; Lc 9.23-24; 13.34;
15.17-20; Rm 10.9-10; Tt 2.12; Ap 22.17
Artigo
Nove: A Segurança do Crente
Afirmamos que, quando uma pessoa
responde em fé ao Evangelho, Deus promete completar o processo de salvação no
crente para a eternidade. Este processo começa com a justificação, por meio da
qual o pecador é imediatamente absolvido de todo pecado e concedido paz com
Deus; continua na santificação, por meio da qual os salvos são progressivamente
conformados à imagem de Cristo pela habitação do Espírito Santo; e conclui na
glorificação, por meio da qual os santos desfrutam no céu uma vida com Cristo
para sempre.
Negamos que esta relação selada
com o Espírito Santo possa ser rompida. Negamos até mesmo a possibilidade de
apostasia.
Jo
10.28-29; 14.1-4; 16.12-14; Fp 1.6; Rm 3.21-26; 8.29, 30, 35-39; 12.1-3; 2Co
4.17; Ef 1.13-14; Fp 3.12; Cl 1.21-22; 1Jo 2.19; 3.2; 5.13-15; 2Tm 1.12; Hb
13.5; Tg 1.12; Jd 24-25
Artigo
Dez: A Grande Comissão
Afirmamos que o Senhor Jesus Cristo
comissionou sua igreja a pregar a boa nova de salvação a todas as pessoas até
os confins da terra. Afirmamos que a proclamação do Evangelho é o meio de Deus
de trazer qualquer pessoa à salvação.
Negamos que a salvação esteja
disponível sem uma resposta de fé ao Evangelho de Jesus Cristo.
Sl 51.13; Pv 11.30; Is 52.7; Mt 28.19-20; Jo 14.6; At
1.8; 4.12; 10.42-43; Rm 1.16; 10.13-15; 1Co 1.17-21; Ef 3.7-9; 6.19-20; Fp
1.12-14; 1Ts 1.8; 1Tm 2.5; 2Tm 4.1-5